Rio de Janeiro, 6 de junho de 2025 – O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou os dados preliminares do Censo Demográfico 2022, com informações detalhadas sobre a religiosidade da população brasileira acima de 10 anos. A pesquisa, realizada por amostragem, comprova mudanças acentuadas no panorama religioso nacional.
Principais destaques:
📉 Declínio do Catolicismo – A proporção de católicos caiu de 65,1% em 2010 para 56,7% em 2022, uma queda de 8,4 pontos percentuais;
✝️ Evangélicos em expansão – A comunidade evangélica cresceu de 21,6% para 26,9%, com um aumento de 5,2 p.p., totalizando cerca de 47,4 milhões de pessoas;
🌱 Sem religião crescendo – O grupo sem religião subiu de 7,9% para 9,3%, chegando a aproximadamente 16,4 milhões de brasileiros;
🕊️ Espiritismo em leve recuo – A proporção de pessoas que se declaram espíritas caiu de 2,2% para 1,8%;
🌍 Candomblé e Umbanda avançam – Religiosidades afro-brasileiras passaram de 0,3% para 1,0%, destacando um movimento de aumento de visibilidade cultural e religiosa.
Profundização regional e sociodemográfica
Espiritismo no Sudeste – A região concentra a maior proporção de adeptos espíritas: 2,7%, acima da média nacional .
Perfil de escolaridade e analfabetismo – Os espíritas são o grupo religioso com maior nível de escolaridade: 48% têm ensino superior completo, e sua taxa de pessoas sem instrução ou com ensino fundamental incompleto é a menor (11,3%). O analfabetismo é de apenas 1% — o mais baixo entre todas as religiões.
Composição racial e etária – A maioria dos espíritas se identifica como branca (63,8%) ou parda (26,3%). Na etnia amarela, esse grupo atinge 3,2%, o maior percentual entre as religiões.
Contexto e relevância
Apesar de uma leve queda na quantidade de pessoas que se declararam espíritas no Censo 2022 — passando de 2,2% da população em 2010 para 1,8% em 2022 — o movimento espírita continua demonstrando grande força em outras áreas. Isso porque, mais do que números, o Espiritismo no Brasil é marcado por sua solidez histórica e institucional: trata-se de uma doutrina com mais de 150 anos de presença no país, com centros espíritas organizados, editoras, obras sociais, escolas e uma vasta produção literária e filosófica.
Outro ponto importante revelado pelos dados do IBGE é o perfil das pessoas que se identificam como espíritas: elas apresentam, em média, o maior nível de escolaridade entre todos os grupos religiosos do país. Isso reflete um compromisso com a educação, o conhecimento e a reflexão crítica — características que fazem parte da própria proposta doutrinária do Espiritismo, baseada no estudo, na ciência e na filosofia.
Em um Brasil cada vez mais plural do ponto de vista religioso, onde diferentes crenças coexistem e crescem de forma paralela, o foco do movimento espírita não está necessariamente em aumentar o número de adeptos, mas sim em manter uma atuação qualificada, ética e transformadora. O verdadeiro crescimento, nesse contexto, é medido pela capacidade da comunidade espírita de contribuir para o bem coletivo — por meio da caridade, do estudo, da valorização da vida e do desenvolvimento moral do ser humano.
Reflexão sobre a Queda da Popularidade do Espiritismo
Nesse contexto, o presidente da Seara Bendita, Roberto Germano, reflete:
“A notícia sobre a queda na popularidade da doutrina espírita não deveria nos causar espanto. Ao contrário, deve servir como um sinal de alerta. É hora de olharmos com atenção para o que está acontecendo dentro do movimento espírita e também na sociedade em geral.
Infelizmente, em muitos ambientes espíritas, o ego, o orgulho e a vaidade têm ganhado espaço. Esses sentimentos acabam por distorcer a simplicidade e a profundidade de uma doutrina que nos ensina sobre o livre-arbítrio, a responsabilidade individual e a evolução moral.
Vivemos tempos em que grande parte da população busca soluções rápidas, milagres imediatos e caminhos fáceis. Esperam que alguém — um padre, pastor ou orador — resolva seus problemas, como se fosse possível crescer espiritualmente sem esforço, sem mudança interior.
Mas o Espiritismo nunca prometeu facilidades. Ele é, antes de tudo, um convite à transformação pessoal, ao enfrentamento de nossas imperfeições e à vivência consciente do bem. Por isso, muitas vezes, não é a doutrina que perde força, mas sim o interesse das pessoas em seguir um caminho que exige responsabilidade e trabalho interior.
Cabe a nós, espíritas, resgatar a essência da mensagem de Jesus à luz da codificação espírita. Precisamos cultivar a humildade, a simplicidade e o verdadeiro espírito de serviço, lembrando sempre que o maior testemunho que podemos oferecer não está nas palavras, mas nos exemplos.
Que essa aparente queda de popularidade nos ajude a refletir e nos fortalecer. Pois a verdade, mesmo quando não agrada a todos, nunca perde o seu valor.”