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Mediunidade

Será que sou Médium?

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Médiuns são pessoas aptas a sentir a influência dos espíritos e a transmitir os pensamentos deles. Toda pessoa que, em qualquer grau, experimenta a influência dos espíritos é, por esse simples fato, médium. Essa característica é inerente a todos os seres humanos e, por consequência, não é privilégio exclusivo, de onde se pode concluir que poucos são os que não possuam uma noção desta capacidade. Pode-se, pois, dizer que todas as pessoas são médiuns, uns mais outros menos, apesar dessa atribuição só ser normalmente mais aplicada àqueles cuja mediunidade se manifesta por efeitos mais ostensivos e com mais intensidade.

O fluido perispiritual é o agente de todos os fenômenos espirituais, que só podem ser produzidos pela ação recíproca dos fluidos que o médium e o espírito emitem. O desenvolvimento da capacidade mediúnica depende da natureza mais ou menos expansiva do perispírito do médium e da maior ou menor facilidade da sua assimilação pelo dos espíritos. Depende, portanto, do organismo e pode ser desenvolvida, desde que exista o princípio.

A predisposição mediúnica independe do sexo, da idade e do caráter. Há médiuns em todas as categorias de indivíduos, desde a menor idade até a mais avançada. As relações entre os espíritos e os médiuns se estabelecem por meio dos respectivos perispíritos, sendo que a facilidade dessas relações depende do grau de afinidade existente entre os dois fluidos. Existem alguns que se combinam facilmente, enquanto outros se repelem, de onde se segue que não basta ser médium para que uma pessoa se comunique indistintamente com todos os espíritos. Há médiuns que podem se comunicar só com certos espíritos ou com espíritos de certas categorias, e outros que não podem a não ser pela transmissão do pensamento, sem qualquer manifestação exterior.

Pela combinação dos fluidos perispirituais, o espírito se identifica com a pessoa que ele deseja influenciar, não só lhe transmite o seu pensamento como também chega a exercer sobre ela uma influência física, para fazê-la agir ou falar à sua vontade, obrigá-la a dizer o que ele quer, em uma palavra, servir-se dos órgãos do médium, como se fossem seus próprios. Enfim, pode neutralizar a ação do próprio espírito da pessoa influenciada e paralisar-lhe o livre-arbítrio. Os bons espíritos se servem dessa influência para o bem, e os maus para o mal.

Os espíritos podem se manifestar de muitas maneiras, mas não podem senão com a condição de encontrarem uma pessoa apta a receber e transmitir os diferentes gêneros de impressões, segundo o tipo de mediunidade que possua. Como não há nenhuma pessoa que tenha todas as mediunidades em um mesmo grau, resulta que umas obtêm efeitos que são impossíveis a outras. Desta diversidade de manifestações decorre que há diferentes espécies de médiuns.

Nem sempre é necessária a vontade do médium. Um espírito que quer se manifestar procura um indivíduo apto a receber suas impressões e pode se utilizar dele, muitas vezes, sem consentimento. Outras pessoas, ao contrário, conscientes de sua mediunidade, podem provocar certas manifestações. Daí existirem duas categorias de médiuns: médiuns inconscientes e médiuns facultativos. No primeiro caso, a iniciativa é dos espíritos, no segundo, é dos médiuns.

Só podem ser designados por médiuns facultativos os indivíduos que têm conhecimento dos meios de comunicação com os espíritos e que têm a capacidade de utilizar a sua mediunidade por vontade própria. Os médiuns inconscientes, ao contrário, são pessoas que nenhuma ideia fazem do Espiritismo, nem dos espíritos e até mesmo entre as mais incrédulas, que servem de instrumento sem saberem e sem quererem.

Fenômenos espíritas de todos os gêneros podem ocorrer inconscientemente e sempre existiram, em todas as épocas e em todos os povos. A ignorância e a credulidade atribuíram um poder sobrenatural a eles e, conforme os tempos e os lugares, foram chamados de santos, feiticeiros, loucos ou profetas. O Espiritismo mostra que com eles apenas ocorre uma manifestação espontânea de uma característica natural dos seres humanos.

 

Leia mais em O Livro dos Médiuns – Allan Kardec – Capítulo XIV, Dos Médiuns.

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