Perder a lembrança do nosso passado não é apenas uma questão de esquecimento, mas uma parte essencial do plano divino. Deus, em Sua infinita sabedoria, nos protege desse conhecimento completo, pois seria avassalador para a nossa compreensão. Imaginem sair abruptamente da escuridão para a claridade intensa; assim seria se não houvesse o véu que nos oculta certas memórias.
Mas, por que precisamos esquecer? Como podemos ser responsáveis por atos passados se não nos lembramos deles? Como podemos aprender com experiências passadas que não recordamos? É importante compreender que a ausência dessa memória não nos priva de progredir espiritualmente. A cada nova existência, ganhamos mais discernimento, sendo capazes de distinguir melhor entre o bem e o mal. Se nos lembrássemos de tudo, onde estaria o mérito em nossas ações?
Embora não tenhamos uma lembrança exata do passado, nossas intuições e tendências instintivas são como sussurros dessa memória. Quando resistimos a tentações, é a voz da consciência nos guiando, uma lembrança do que já fomos. Essa resistência é essencial para nosso crescimento espiritual.
É verdade que, em certos momentos, podemos ter flashes ou intuições de vidas passadas. No entanto, é preciso discernir entre uma lembrança real e uma ilusão da mente. Ter acesso completo ao passado nos traria mais complicações do que benefícios porque, dependendo dos sucessos ou fracassos obtidos em existências anteriores, poderíamos nos sentir exaltados ou humilhados, o que prejudicaria a nossa jornada de evolução espiritual.
Embora possamos tentar deduzir situações que ocorreram em vidas passadas pelas circunstâncias que nos cercam na existência atual, é nas tendências instintivas que encontramos os indícios mais confiáveis.
Portanto, o véu sobre o passado é uma bênção de Deus que nos protege em nossa jornada de progresso espiritual, sempre nos proporcionando preciosas oportunidades de recomeçar.
Leia mais em O Livro dos Espíritos, Parte Segunda, Capítulo VII, Esquecimento do passado.