Devemos entender por anjo da guarda, ou anjo guardião, aquele espírito protetor pertencente a uma ordem elevada cuja missão é similar à de um pai com relação ao filho, isto é, guiar o seu protegido pelo caminho do bem, auxiliá-lo com seus conselhos, consolá-lo nas suas aflições e incentivá-lo nas provas da vida. O espírito protetor se dedica a um indivíduo desde o nascimento até a morte e, muitas vezes, o acompanha na vida espiritual depois da morte e até mesmo através de muitas existências corpóreas.
O espírito protetor fica obrigado a nos auxiliar, uma vez que aceitou esse encargo, porém, tem o direito de escolher pessoas que lhe sejam simpáticas. Para alguns, é um prazer e para outros é uma missão ou um dever. Dedicando-se a uma pessoa, o espírito não renuncia a proteger outros indivíduos, mas protege-os menos exclusivamente.
O espírito protetor pode se afastar de seu protegido, caso ele se mostre rebelde aos conselhos, quando vê que seus conselhos são inúteis e que no seu protegido a decisão de se submeter à influência dos espíritos inferiores é mais forte. Mas, não o abandona completamente e sempre se faz ouvir. É o encarnado quem tapa os ouvidos. O protetor volta desde que ele o chame de volta.
Onde quer que estejamos, estarão conosco. Nem nos cárceres, nem nos hospitais, nem nos lugares de depravação, nem na solidão, estamos separados desses amigos, a quem não podemos ver, mas cuja branda inspiração nossa alma sente, quando ouvimos seus ponderados conselhos. Não devemos recear de cansá-los com perguntas. Ao contrário, devemos procurar estar sempre em ligação com eles. Assim seremos mais fortes e mais felizes.
O espírito protetor que consegue trazer o seu protegido para o bom caminho, conquista um mérito que é levado em conta para o seu progresso e para a sua felicidade. Sente-se contente quando vê os seus esforços bem-sucedidos, o que representa um triunfo para ele, assim como os bons êxitos de um aluno é um triunfo para seu educador. Não é responsável pelo mau resultado de seus esforços, porque fez tudo o que dependia de si. O espírito protetor se aflige com os erros do seu protegido. Esta aflição, porém, não tem analogia com as angústias da paternidade terrena, porque ele sabe que há remédio para o mal e que o que não se faz hoje, certamente se fará amanhã.
Podemos dar o nome que quisermos ao nosso espírito protetor ou anjo da guarda. Ele acudirá ao apelo ao qual lhe dirigirmos com esse nome, visto que todos os bons espíritos são irmãos e se assistem mutuamente. Certamente reconheceremos o nosso espírito protetor na vida espiritual, pois não é raro que o tenhamos conhecido antes de encarnarmos.
Mesmo em estado de selvageria ou de inferioridade moral, os encarnados têm seus espíritos protetores. Todo ser humano tem um espírito que vela por ele, mas as missões são relativas à finalidade que visam. Não damos um professor de filosofia a uma criança que está aprendendo a ler.
Leia mais em O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – Parte Segunda, Capítulo IX, Anjos da guarda. Espíritos protetores, familiares ou simpáticos.