As calamidades que assolam a humanidade muitas vezes são interpretadas como desgraças, mas sob a visão do espiritismo, elas têm um propósito maior. Deus submete a humanidade a essas provações destruidoras para acelerar seu progresso espiritual. A destruição é uma necessidade para a regeneração moral dos espíritos, impulsionando-os a alcançar novos degraus na escala do aperfeiçoamento.
É fundamental compreender o objetivo por trás desses eventos para avaliar corretamente seus resultados. Muitas vezes, essas perturbações são necessárias para estabelecer uma nova ordem de coisas em um curto espaço de tempo, acelerando um processo que, de outra forma, demandaria séculos.
Deus oferece diariamente meios para o aprimoramento da humanidade que não envolvem catástrofes destruidoras, mas o ser humano frequentemente negligencia essas oportunidades. É necessário, portanto, que ele seja confrontado com sua própria fragilidade e punido em seu orgulho para reconhecer sua necessidade de crescimento espiritual.
Embora durante a vida terrena o ser humano valorize principalmente seu corpo, após a morte ele compreende a efemeridade dessa existência material. Os sofrimentos temporários que tanto lamentamos são, na verdade, lições que nos servirão no futuro.
Os espíritos, que são eternos, constituem o mundo real, enquanto os corpos são apenas disfarces temporários. O espetáculo das grandes calamidades, embora possa dizimar vidas humanas, é comparável à preocupação de um general com seus soldados, não com seus uniformes. Se considerarmos a vida em sua verdadeira dimensão, veremos que essas aflições são insignificantes diante do infinito.
Ninguém escapa da partida quando chega a hora, seja por uma catástrofe ou por causas naturais. Se pudéssemos elevar nosso pensamento para enxergar a humanidade como um todo, perceberíamos que essas catástrofes são apenas tempestades passageiras no destino do mundo e que as partidas para o plano espiritual de uma mesma forma e em um mesmo momento nada diferem das partidas individuais. São resgatados e assistidos da mesma maneira por espíritos afins e familiares.
Certos males são inevitáveis e fazem parte dos decretos da Providência. Diante desses desafios, só nos resta submeter-nos à vontade de Deus.
Vide Flagelos destruidores, Parte Terceira, Capítulo VI, Da lei de destruição, O Livro dos Espíritos, Allan Kardec.