A História da Seara Bendita

Origem e Fundação da Seara Bendita

A história da Seara Bendita teve início com o senhor José Klors Werneck, funcionário aposentado do Banco do Brasil, nascido em 27 de abril de 1903, em Petrópolis (RJ), filho de Napoleão Werneck e Maria Carlota Klors Werneck. De família católica e praticante, Werneck começou a se interessar pelo Espiritismo na década de 1940, influenciado por sua prima Zilda Gama, médium psicógrafa conhecida pelos romances ditados pelo Espírito Victor Hugo, e por seu irmão Francisco Klors Werneck, escritor espírita e tradutor de obras de Ernesto Bozzano, vinculado à Federação Espírita Brasileira (FEB).

A partir do momento em que abraçou o Espiritismo, Werneck dedicou-se integralmente às tarefas assistenciais e doutrinárias, sobretudo após o desencarne de sua esposa, Dinorah de Souza e Mello Werneck. Incentivado pelo irmão Francisco, surgiu-lhe o entusiasmo de fundar um centro espírita. Por falta de local adequado e de companheiros para esse propósito, iniciou as atividades em sua própria garagem, na Rua Barão do Triunfo, nº 1.390, no bairro do Campo Belo. Assim nasceram as primeiras reuniões de estudo do Evangelho à luz do Espiritismo — o embrião da futura Seara Bendita.

Esse endereço localizava-se na esquina da Rua Jesuíno Maciel com a Avenida Vereador José Diniz. Com o aumento da frequência às reuniões, a garagem tornou-se pequena, levando à necessidade de construir uma sede maior. Por meio de doações e com recursos próprios, Werneck adquiriu um terreno próximo, na Rua Rui Barbosa, nº 830 (atual Rua Demóstenes, nº 834), onde iniciou a construção do prédio que até hoje abriga a Instituição. O projeto foi elaborado e executado pelos arquitetos João Zupello e outro colaborador das reuniões.

O salão principal — onde atualmente funciona o bazar — foi a primeira parte construída. Com o espaço ampliado, o público cresceu, atraído pelas palestras do próprio Werneck, reconhecido por sua eloquência e clareza ao abordar “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Paralelamente, o senhor Mário Tavares, companheiro de jornada, desenvolvia estudos baseados em “O Livro dos Espíritos”.

No dia 3 de novembro de 1951, a instituição recebeu oficialmente o nome “Seara Bendita Instituição Espírita”, inspirado no livro psicografado por Zilda Gama.

O nome da instituição foi inspirado por José Klörs Werneck na obra “Na Seara Bendita”, psicografada por Zilda Gama sob a orientação do espírito Victor Hugo. Esse livro transmite mensagens sobre amor, caridade, perdão e a importância de servir ao próximo, valores fundamentais que guiam o trabalho da instituição desde sua fundação.

Gertrudes Baumann

Primeiros Colaboradores e Expansão das Atividades

Entre os primeiros trabalhadores da Seara Bendita destacaram-se Gertrudes Baumann, médium vidente de rara sensibilidade, e o senhor José de Paula Carvalho, responsável pelas reuniões mediúnicas. Dona Gertrudes foi braço direito de Werneck, coordenando o departamento de assistência social, preparando e distribuindo mensalmente alimentos, roupas e enxovais para famílias carentes de várias regiões de São Paulo.

As reuniões mediúnicas eram realizadas às segundas e quartas-feiras, sendo que às quartas funcionava também a Escola de Médiuns, dirigida pelo senhor Carvalho. Dona Gertrudes, juntamente com Dona Valdomira e Mário Tavares, fundou posteriormente a Creche Meimei, localizada na Avenida Yervant Kissajikian, nº 2.858, na Vila Missionária — instituição que até hoje acolhe crianças e famílias em situação de vulnerabilidade. Mais tarde, impossibilitada de continuar à frente da Creche, Dona Gertrudes transferiu seu patrimônio à Seara Bendita, que passou a administrá-la.

Comandante Edgard Armond

Colaboração da FEESP e Consolidação Doutrinária

Em 1963, por orientação de Dona Gertrudes, o senhor Werneck solicitou apoio ao Comandante Edgard Armond, então secretário da Federação Espírita do Estado de São Paulo (FEESP), para aprimorar os trabalhos espirituais e educacionais da casa. Atendendo ao pedido, a FEESP enviou um grupo de novos colaboradores, liderados pelo Dr. Milton Batista Jardim e sua esposa Lygia Jardim, além de Thirzah Riether, Miguel Gordilho, Itaborahy Viana Martins e Carmem Diva Martins, Fernando e Diva Bernardino, e Samuel Armond.

Coube ao Dr. Milton Jardim organizar e dirigir a área de Assistência Espiritual, enquanto Dona Thirzah estruturou a Escola de Médiuns e a Escola de Aprendizes do Evangelho — que mais tarde se tornariam, respectivamente, os Cursos de Educação Mediúnica e Educação Evangélica.

Dentre os pioneiros que vieram da FEESP, o senhor Miguel Gordilho permaneceu por décadas em atividade na Seara, exercendo funções de destaque na diretoria.

Os primeiros colaboradores da Instituição incluíam ainda Alzira Martins Apollo, Alfredo Martins, Antonio Manzano, Antonio Ulysses Amaral, Irineu (zelador), Ione Arruda, entre outros.

Hospital Evaldo Foz

O Sonho da Casa Maternal

Um dos grandes ideais de José Werneck era construir uma Casa Maternal, destinada a acolher mães carentes. Com recursos próprios, provenientes de ações do Banco do Brasil, iniciou a construção de um edifício na na esquina da Rua Jesuíno Maciel com a Avenida Vereador José Diniz, que seria o Hospital e Maternidade Seara Bendita. O projeto, no entanto, foi interrompido quando a obra chegou ao quarto pavimento. O terreno acabou sendo vendido, e no local foi construído o Hospital Evaldo Foz. Por desejo expresso de Werneck, o resultado financeiro da venda foi integralmente doado à Seara Bendita.

Até o seu desencarne, em 17 de agosto de 1978, todas as despesas da Instituição eram custeadas por ele, já que a Seara não possuía sócios nem recebia donativos regulares. Sua vida foi exemplo de dignidade, humildade e dedicação ao próximo, com especial carinho pelas crianças. Inspirado em Jesus cercado pelos pequeninos, mandou pintar um quadro que até hoje simboliza a missão da Seara Bendita.

Prédio Novo – 2020

Legado e Continuidade

Atualmente, a Seara Bendita conta com milhares de voluntários e alunos distribuídos entre seus diversos cursos e atividades. São atendidas milhares de pessoas por dia em suas atividades de assitência espiritual.

A Creche Meimei, hoje chamada Lar Meimei, continua atendendo centenas de crianças e famílias, oferecendo também cursos profissionalizantes que auxiliam na inserção no mercado de trabalho.

Os valorosos seareiros seguem levando o estudo, o ensino e a prática do evangelho de Jesus e da doutrina espírita, perpetuando o ideal fraterno e educativo que inspirou a fundação da Seara Bendita.